Como se planejar financeiramente para 2016?

Como se planejar financeiramente para 2016?

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JUSIVALDO ALMEIDA
Educador, Coach Financeiro e Previdenciário

Segundo o Boletim Focus, do Banco Central, divulgado em 23 de novembro, a expectativa de crescimento do país em 2015 piorou mais uma vez, passando a ser de queda de 3,10% do produto interno bruto (PIB), o pior resultado desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.
A contração da atividade econômica esperada para 2016 também se acentuou em relação às expectativas anteriores, a previsão de queda saltou de 1,22% para 2% do PIB.
Diante desse cenário, quais as dicas essenciais para que você passe por este período mantendo suas contas em dia e também possa conquistar as metas pessoais?
Em tempos difíceis como estamos vivendo, é importante apertar o cinto e ser o mais prudente possível nos gastos domésticos. Tome cuidado para não aderir às campanhas do marketing de consumo sem antes se perguntar “Eu realmente preciso disso agora?” e evite contrair dívidas de médio e longo prazo. A indústria e o comércio estão desaquecidos, o que pode reduzir a abertura de novas vagas de emprego, aumentar o índice de desemprego ou as férias coletivas antecipadas e PDVs (programas de demissão voluntária). Se for indispensável, compre no curto prazo (até um ano), mas dê preferência ao pagamento à vista, com desconto.
Se você está em condição de investir seu dinheiro, parabéns, suas finanças já estão no caminho da sustentabilidade. Só acrescento como dica agir com muita cautela, tanto na renda fixa como na renda variável, que possuem um vasto leque de opções, desde uma simples caderneta de poupança a sofisticados investimentos em ações e até opções no exterior. Lembre-se de que para cada tipo de sonho de consumo “financeiro” deverá existir a contrapartida de um esforço de sua parte no sentido de poupar e investir o dinheiro em aplicações e prazos coerentes com esse sonho. Na falta de conhecimento para essa decisão, contate um especialista.
Com uma taxa de juros das mais altas nos últimos anos, o que é importante levar em consideração caso seja necessário tomar um empréstimo ou financiamento?
Primeiramente temos de fazer uma breve leitura dos sinais mostrados pelo aumento da taxa de juros, e nos acautelar de nossas decisões de consumo e de investimentos. Vamos lá: no início de 2015, o governo e a nova equipe econômica anunciaram medidas que implicam aumentos na carga tributária e cortes de investimento em várias áreas da economia, sem falar no aumento dos tributos sobre as operações de crédito, tanto para pessoa física como para jurídica.
Nos últimos anos, a taxa de juros básica da economia saltou de 7,25% (janeiro de 2013) para 14,25% em junho, em novembro o BC manteve a Selic 14,25 por cento ao ano. Já a inflação, oscilou entre 5,91% (2010) e 6,41% (2014). Já a estimativa de 2015 para o índice de inflação oficial (IPCA) passou de 9,75% (outubro) para 10,04% em novembro. Se a previsão se confirmar, representará o maior índice, desde 2002 – quando fechou em 12,53%.
Para 2016, as instituições financeiras elevaram sua expectativa de inflação de 6,47% para 6,5%, continuando a se distanciar da meta central de 4,5% fixada para o ano que vem.
Esses dois componentes, aliados a um elevado número de brasileiros inadimplentes, da ordem de 57 milhões em setembro de 2015, elevam em muito as taxas cobradas nos financiamentos ou empréstimos. Tome cuidado em quaisquer modalidades, seja aquisição de veículos (com taxas entre 10,8% e 56,2% ao ano), seja crédito consignado (20% a 96% a.a.), seja cheque especial (28% a 359% a.a.), seja financiamentos imobiliários (10,2% e 12,3% a.a.).
Consciente desses números, pergunte-se novamente: “Eu realmente preciso disso agora?” Se a resposta for sim, siga o passo a passo:

  1. Faça um pente fino no seu orçamento e veja qual seria a folga financeira para esse novo compromisso. Ou seja, ele cabe no orçamento? Por quanto tempo? Caso não tenha ainda um orçamento, faça isso antes de assumir qualquer compromisso. Se necessário, corte seus gastos pessoais e familiares, que na média, após um pente fino, pode chegar a uma economia de até 30%.  Ferramentas como o Fluxo de caixa pessoal ajudam em seu controle.
  2. Antes de recorrer a instituições financeiras, avalie se poderia conseguir o valor com parentes ou amigos. Você pode devolver no prazo combinado com juros maiores que os das aplicações financeiras, porém menores que as taxas bancárias. Mas não vá comprometer o relacionamento com eles por causa de um empréstimo!
  3. Se tiver de realizar a operação com bancos, sempre opte por operações com garantias reais, pois as taxas tendem a ser menores. Casa e carro são exemplos comuns.
  4. Consulte sempre mais do que uma instituição e opte pela menor taxa efetiva a ser cobrada em cada tipo de empréstimo e financiamento para igual prazo de uso do dinheiro.
  5. Você não precisa necessariamente procurar o banco em que recebe a conta-salário. Se for interessante, na contratação faça a portabilidade da conta-salário primeiro e só depois contrate a operação.

Na atual situação, redobre os cuidados para controlar seu orçamento e investir seu dinheiro com sabedoria. Use a cabeça para definir seus objetivos de curto, médio e longo prazo. Essa é uma lição de tempos de crise que dará frutos a vida inteira.
Boa sorte!
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