A bolsa se diversifica

A bolsa se diversifica

Novos produtos chegam à BM&FBOVESPA, para ampliar o leque de opções na estratégia de renda variável dos fundos de pensão

 O I Fórum de Investimentos, realizado pela JSantos Consultores Associados em 10 de novembro de 2011, em São Paulo, trouxe para os participantes uma visão de produtos diferenciados à disposição na Bolsa Brasileira. O objetivo dessa sessão foi expor novas opções para gestores de investimento que pretendam diversificar sua carteira num ambiente de negócios seguro e transparente.

 Papéis correspondentes a ações estrangeiras (BDR), fundos de índice (ETF) e aluguel de ações foram objeto de exposição de Daniel Vieira, gerente de renda variável da BM&FBOVESPA. A Bolsa Brasileira está entre as maiores do mundo em valor de mercado, sendo ainda a campeã no mercado de opções de ações. Hoje, toda a negociação é eletrônica, não havendo mais pregão viva-voz. Nesta década, a BM&FBOVESPA implantou requisitos de governança corporativa, que estão configurados nos Níveis 1 e 2 e no Novo Mercado, no qual as empresas emitem somente ações ON.

 BDR – “Uma forma simples de investidores locais investirem em empresas estrangeiras é o BDR Nível 1 Não Patrocinado”, diz Vieira.”Há oportunidades em todos os setores, que proporcionam uma alternativa interessante de diversificação internacional da carteira.” A modalidade é considerada investimento no exterior, hoje permitida aos fundos de pensão. Atualmente, são negociados 40 BDRs na Bolsa Brasileira, de empresas como Microsoft, Coca-Cola, Apple, Citigroup, Google, Nike e Colgate. “Mais 30 ações serão apresentados em breve ao mercado”, informa.

 Os primeiros BDRs Nível 1 Não Patrocinados foram lançados há pouco mais de um ano, e os fundos de pensão, autorizados a comprá-los diretamente em 2011. O mercado está em formação, mas isso não significa falta de liquidez para o investidor. “Como essas ações são muito negociadas na bolsa americana, o arbitrador compra lá fora e as transforma em BDR a qualquer momento”, afirma Vieira. Os preços são alinhados com o mercado internacional.

 ETF – Os fundos de índice (ETF) também constituem oportunidade de diversificação pouco conhecida no país, conforme os participantes do I Fórum de Investimentos puderam conhecer na apresentação dos executivos da BlackRock Brasil (veja a matéria “Em busca do índice”). Trata-se de um fundo de investimento que reflete a carteira dos índices da Bolsa brasileira, como por exemplo do Ibovespa e IBrX, cujas cotas são negociadas na própria Bolsa, como se fossem ações.

 Hoje são 10 os ETFs negociados no pregão da BM&FBOVESPA, com dois emissores, a BlackRock e o Itaú. O potencial do mercado é avaliado com bastante otimismo. “O volume de negociação de ETF é elevado lá fora, enquanto no Brasil ainda está em 0,7% do volume da Bolsa”, diz Vieira. “Mas acreditamos que o produto irá se desenvolver no mercado doméstico, por suas características positivas.” O mercado tem correspondido. Os negócios com ETFs vêm crescendo em média 41,3% ao ano desde 2009.

 Os dois principais objetivos dos investidores que se utilizam do instrumento são exposição a índices amplos e estratégia passiva para investimento de longo prazo, conforme mostrou Vieira. Outros motivos para a entrada no mercado são alocações táticas, exposição de curto prazo, gerenciamento de fluxo de caixa e neutralização de fatores de risco da carteira. Entre os passos futuros da BM&FBOVESPA está o lançamento de ETFs lastreados em índices internacionais, que ainda depende de autorização da CVM.

 ALUGUEL – Embora não seja recente, o mecanismo de aluguel de ações é ainda pouco utilizado por fundos de pensão. Ele proporciona um plus de rendimento com características de renda fixa, com base numa carteira de renda variável de longo prazo. Os protagonistas do negócio são o tomador, que aposta em queda do preço da ação, e o doador, que não necessita dos papéis em curto prazo.

 O serviço da BM&FBOVESPA consiste em oferecer um ambiente seguro para que ambos os investidores se encontrem. A Bolsa é a contraparte central do negócio, minimizando o risco do doador. E ainda os proventos, como juros e dividendos, são garantidos ao doador.

 O prazo e a taxa do aluguel são negociados livremente entre as partes, e a posição do negócio pode ser consultada 24 horas por dia pela internet. A modalidade mais comum é a reversível, em que a liquidação pode ser antecipada pelo tomador ou pelo doador.

  “O produto é muito interessante para o investidor”, considera Vieira. “Por isso, a cada ano o volume cresce consideravelmente.” O aluguel de ações girou 64,6 bilhões de reais em 2011, até outubro, enquanto em 2010 o volume fora de 49,4 bilhões de reais.