Debatedores destacam importância da comunicação e da educação nos fundos de pensão

Debatedores destacam importância da comunicação e da educação nos fundos de pensão

Leonardo Silva, da Par Relacionamento, conduziu os debates, que contaram com Jusivaldo Santos, da JSantos Consultores, Ivan Corrêa Filho, da Abrapp, e Paulo Leite Julião, do Economus.

Em sua primeira questão, Leonardo Silva colocou que, considerando que 70% da renda da ativa pode ser o percentual adequado para a aposentadoria e que hoje 75% das famílias têm dificuldade para chegar ao fim do mês com sua composição salarial, qual deveria ser o papel da educação financeira dentro e fora de casa?

Jusivaldo Santos  afirmou que, com base na sua experiência, existem muitas famílias endividadas, o que é preocupante. Há consumo excessivo e pouca atenção à poupança. Nesse contexto , é difícil garantir uma renda maior de aposentadoria, já que seria necessário que os participantes também fizessem aportes suplementares além da contribuição mensal.  Por isso considera importante que as patrocinadoras se envolvam ainda mais e deem atenção maior à educação financeira, tanto no sentido de mostrar o perigo e os problemas que o endividamento pode acarretar, como para mostrar que contribuições suplementares podem garantir a renda almejada no momento da aposentadoria.

Ivan Corrêa destacou que a Abrapp está muito envolvida na educação financeira e faz um trabalho grande com esse objetivo. “A questão da educação financeira é nacional e é para todos, porque hoje as pessoas não avaliam o custo de um bem ou produto, e sim se as parcelas para adquiri-lo cabem em seu orçamento.Não deveria ser assim – é preciso educar as pessoas com relação ao custo do dinheiro”, ressaltou.

Julião, por sua vez, acredita que ainda leva tempo para que os cidadãos adquiram cultura de poupança previdenciária. A vontade de consumo versus o grau de endividamento é um dilema, mas considera que estamos caminhando para uma maior conscientização. “Daqui a alguns anos, as famílias vão poupar mais. É um processo gradual”, ponderou.

Como preparar participantes dos fundos para a opção por perfis

Leonardo Silva perguntou aos debatedores se as entidades prepararam suas populações para fazer a opção por diferentes perfis de investimentos. Corrêa disse que, com base na pesquisa da Abrapp, pôde perceber que, em geral, essa preocupação existiu, mas isso não foi perguntado diretamente. Já Julião contou que, no Economus, houve uma educação prévia para que os participantes fizessem sua opção, inclusive abordando aspectos de investimentos em Bolsas. Afirmou que a adesão foi baixa em um primeiro momento. “Quando os resultados começam a aparecer, essa adesão aumenta”, explicou. Também frisou que, no caso dos mais jovens, a sensibilização é mais difícil, até mesmo para aderirem ao plano – o que considera lamentável.

Francisco Gomes, da ABBPrev, compartilhou com os presentes uma experiência de seu fundo de pensão. Contou que fez uma pesquisa com 3.000 participantes para saber se querem  a implantação dos perfis de investimentos. Desses, 20% responderam a pesquisa e, dentre eles, 30% foram favoráveis, ou seja, apenas 6% dessa população. A interpretação foi que a maioria não quer. Assim, Malnarcic questionou os debatedores sobre essa visão.

Para Paulo Julião, começar esse processo com 6% já é muito positivo. Segundo ele, todo começo é difícil e só o boca a boca é que propicia maior adesão. Outro ponto seria divulgar  os ganhos da renda variável, o que seria motivador, uma boa propaganda. Corrêa destaca a importância da educação financeira, no que Jusivaldo também concorda. “Esse percentual é bom. Sugiro estratificar essa população e identificar os multiplicadores, que podem ajudar no processo. Além disso, essa estratificação poderia orientar na criação de materiais de comunicação diferenciados. Também é básico aqui ter a aderência dos conselheiros para que essa implantação seja bem sucedida”, afirmou.

Edson Jardim, da Triaxes, ressaltou que as pessoas sabem pouco ou quase nada sobre finanças. Por isso demoram a decidir qual o melhor investimento e querem algo para ajudá-las. Nesse aspecto, ele achaque a comunicação é fundamental para ampliar esse conhecimento. Questionou os debatedores sobre a importância da comunicação e quais as ações necessárias para uma entidade de previdência trabalhar com os diferentes perfis de investimentos.  Jusivaldo endossou sua opinião, reafirmando o papel da educação nesse processo. Para ele, a comunicação tem que ser clara, objetiva e curta. Cartilhas e books enormes de nada adiantam, pois as pessoas não os leem. É preciso usar recursos modernos, como internet e vídeos e inovar sempre, utilizando ferramentas apropriadas e inovadoras, como por exemplo SMS e teatro.