RENDA VARIÁVEL – Em busca do índice

RENDA VARIÁVEL – Em busca do índice

 Os executivos da BlackRock, um dos maiores gestores de recursos de terceiros do mundo, explicam como utilizar os fundos de índice ETF para compor sua estratégia na bolsa

 As estratégias para utilização dos fundos de índice, ou ETF, foram apresentadas ao público do I Fórum de Investimentos promovido pela JSANTOS no último dia 10 de novembro em São Paulo. O ETF é um tipo especial de fundo de investimento, conforme legislação local por enquanto apenas baseado em ações, negociado na BMF&Bovespa desde 2004, conforme explicaram os executivos da BlackRock Brasil, a maior asset management do mundo, com recursos da ordem de 3,4 trilhões de dólares sob gestão.

Como seu nome já diz, no caso brasileiro o objetivo do ETF é perseguir um dos índices de referência de renda variável, como Ibovespa ou IBrX, característica que o inclui na modalidade de gestão passiva. Diferentemente de outros fundos, porém, os próprios ETFs têm cotas negociadas em bolsa, como se fossem ações. Essa característica lhes confere transparência única, permitindo ao investidor avaliar o retorno de seu capital a qualquer momento. “O ETF pode ser comprado, vendido ou alugado durante o pregão, como outras ações”, diz Bruno Stein, diretor de desenvolvimento de negócios da BlackRock.

 Além da transparência e da flexibilidade, o ETF se destaca entre os investimentos de renda variável pelo custo atrativo, o que se explica pela gestão passiva e pelo baixo giro da carteira. Por exemplo, a taxa de administração  do ETF que persegue o Ibovespa, o iShares Ibovespa fundo de índice – BOVA11 -, é de  apenas  0,54%  ao ano.

  A compra e venda de ETFs no Brasil é crescente, conforme o mercado toma conhecimento de suas possibilidades. As transações já representam 2% do volume de negócios da BM&FBovespa. No exterior, o instrumento é bem mais utilizado. Na Bolsa de Nova York, os ETFs são responsáveis por 30% das negociações. Somente a BlackRock tem sob sua gestão mais de 560 bilhões de dólares em ETFs – volume que representa quase 50% desse mercado -, sob o nome comercial iShares.

 Entender a gestão passiva é a questão-chave para compor os ETFs na estratégia de renda variável de seu fundo de pensão. “A gestão passiva é um ótimo instrumento para determinadas coisas, e a gestão ativa, para outras”, diz Stein. Por exemplo, para uma fundação que ofereça perfis de investimentos, obter exatamente o benchmark reduz a possibilidade de dor de cabeça para o administrador. “O participante reclama quando o rendimento fica abaixo do índice”, afirma Stein. “O ETF serve justamente para isso, não para bater o índice, mas sim para evitar o risco de não atingi-lo.”

 Os investidores institucionais têm utilizado o ETF de duas formas básicas, segundo Stein:

 . Uso estratégico de longo prazo – O ETF serve para compor uma estratégia que combine gestão passiva – para buscar beta, ou o retorno do índice – com gestão ativa – que busque alfa, ou retorno acima do benchmark (estratégia núcleo/satélite). Também é usado para gestão de caixa, indexando recursos temporariamente a um índice da bolsa até que seja definido o seu destino final.

 . Uso tático de curto prazo – O ETF é utilizado para a entrada ou saída da bolsa, principalmente com compra ou venda de BOVA11, a sigla do ETF que persegue o Ibovespa. Também serve para entrar ou sair de segmentos específicos, por exemplo com a negociação de SMAL11, que segue o índice de small caps.

 Um tema que chamou especial atenção da plateia foi o aluguel das cotas do ETF. Poucos executivos de fundos de pensão têm familiaridade com o assunto, mesmo quando se trata de aluguel de ações. Por isso, podem perder a oportunidade de auferir um plus de renda fixa baseado em seus ativos de renda variável.

 No ETF, o aluguel pode compensar o pagamento da taxa de administração e ainda proporcionar retorno acima do índice (alfa), sem risco. No exemplo exposto por Stein, o investidor que compra um ETF pode esperar o retorno do índice menos a taxa de administração (0,54% ao ano) mais a receita de aluguel das cotas (3,10%). No negócio, existe ainda a receita proveniente do aluguel das ações subjacentes do fundo, mas que vai para o administrador, não para o proprietário das cotas.

Para investidores que, por algum motivo específico, não tenham acesso ao ETF diretamente, a BlackRock lançou recentemente os FIAs lastreados em ETFs que fazem todo o trabalho. São dois na família: um persegue o Ibovespa (taxa de administração de 0,56% ao ano) e outro, o índice de small caps (taxa de 0,71% ao ano).