10 fev Em 2014, o melhor é atuar com moderação
Em 2014, o melhor é atuar com moderação
Sem dúvida nenhuma, o ano de 2014 começa quente, prometendo momentos únicos e preocupantes para o mercado. Eventos como a Copa do Mundo e, principalmente, as eleições podem postergar os principais posicionamentos financeiros. Neste cenário, a ordem é atuar com cautela.
Em 2013 não houve nenhuma surpresa positiva e observamos um fechamento de ano sem nenhuma variável nova para a área financeira. Se levarmos em conta todos os desafios impostos pela conjuntura internacional, incluindo o receio do investidor estrangeiro no nosso mercado, somado à mudança na atuação da política monetária americana e a incerteza local, temos um resultado indefinido que nos indica cautela.
Talvez a expressão cautela denote pessimismo. Entretanto, a grande oportunidade em um mercado com falta de tendência clara e definida, pode nos direcionar para uma atuação mais seletiva e conservadora. A receita para resultados melhores será o conservadorismo e a diversificação.
Se você está buscando melhores retornos nos seus investimentos, é fundamental que entenda seu perfil e objetivos. Muitas vezes, os objetivos não estão claros para muitas pessoas que pensam no curto prazo e deixam a análise estrutural de seu patrimônio sem uma estratégia eficiente que consiga resistir às turbulências. Ou seja, seus objetivos de vida devem ser usados como direção para qualquer posicionamento financeiro. Caso você conclua que já fez uma análise profunda dos seus objetivos, converse com um especialista, pois os fatores externos e não controláveis podem acabar atrapalhando suas decisões.
Neste atual momento econômico, o foco principal nos investimentos deve ser a resguarda. Dada a expectativa do aumento da taxa básica de juros, a demanda por investimentos pós-fixados pode ser uma boa opção para parte do seu portfólio. Vale também ressaltar que a expectativa positiva em relação à taxa de inflação gera oportunidade de preservação de capital, alocando parte dos recursos em títulos atrelados à própria inflação, como as Notas do Tesouro Nacional (NTN-B).
Uma oportunidade de investimento para 2014 é o mercado de crédito privado, que vem se tornando uma alternativa para quem deseja diversificar seus investimentos. Com a popularização deste produto e a crescente demanda, esperamos que essa classe de ativos tenha um aumento de rentabilidade por conta da elevação da taxa básica de juros e da necessidade de captação das empresas, o que deve ocasionar o aumento dos spreads. Mas, claro, como todo investimento, você deve considerar seu perfil de risco e horizonte de investimento antes de tomar decisões.
Caso você não se sinta confortável com os fundos de crédito privado, outra alternativa é a compra direta de debêntures ou Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que tiveram um crescimento de estoque relevante no mercado no ano passado. Além disso, caso haja quebra da instituição financeira que administra os produtos, o investidor conta com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) no valor de até R$ 250 mil.
Um aspecto importante, e que não deve ser esquecido ao analisar essas alternativas de investimento, é uma característica comum às NTN-Bs, debêntures e LCIs: liquidez menor quando comparada à grande maioria dos demais produtos de investimentos. Um exemplo claro disso está na NTN-B, cuja compra pode ser feita a qualquer momento por meio do Tesouro Direto, mas as vendas respeitam um calendário específico e que hoje é semanal.
No caso das LCIs, há também alguns pontos para observar, destacando que não há liquidez antes de 60 dias contados a partir da data de emissão – exceto para as LCIs remuneradas por índices de preços (cuja liquidez está vinculada ao prazo de reajuste do índice de preços). Para as debêntures, fica a necessidade de se atender à velha e boa lei de oferta e demanda, o que pode ter impacto no preço e, consequentemente, na rentabilidade. Em resumo, é extremamente importante entender seus objetivos, necessidades e perfil antes de tomar a decisão. Contudo, se os objetivos e os produtos estiverem alinhados, boas oportunidades poderão ser encontradas e observadas.
É difícil julgar se o atual momento é desfavorável ou não e esta análise deverá ser feita observando o objetivo de cada investidor. Você deve considerar que o mercado de renda variável é um investimento de longo prazo, mas vale citar que alguns preços das ações estão bem atrativos. Nos últimos anos, a bolsa de valores sofreu com as crises locais e internacionais e esse movimento foi refletido diretamente na rentabilidade dos ativos.
O Índice Bovespa caiu 15,5% em 2013 e o mercado não se mostra confiante na recuperação no curto prazo, pois 2014 tende a ser um ano de incertezas no âmbito financeiro. Em suma, períodos de incertezas podem ser transformados em oportunidades, basta saber qual o objetivo individual de cada investidor e o nível de apetite por risco.
Fonte: Valor Online