Aposentadoria: É preciso poupar mais

Aposentadoria: É preciso poupar mais

Porquinho e idososO brasileiro cada vez vive mais: nossa expectativa média de vida já ultrapassa os 74 anos de acordo com o IBGE, dado que tem um impacto enorme na vida das pessoas, que cada dia mais precisarão fazer seu dinheiro crescer ao longo do tempo, em um cenário de juros baixos daqui por diante. Além disso, o teto para o benefício pelo INSS é de apenas R$ 4.390,24, baixo demais para a manutenção mínima de qualidade de vida pela classe média.
Anteriormente, os investidores em geral – pessoas físicas ou fundos de pensão, esses últimos mais qualificados – que aplicassem em títulos públicos e fundos de renda fixa conseguiam retornos financeiros muito mais atraentes que outras opções de alocação mais sofisticadas e relacionadas à economia real. Esse rendimento, no entanto, foi diminuindo com a queda dos juros, que hoje encontra-se na casa dos 11% anuais. Esse rendimento, quando descontados a inflação e os impostos, fica insuficiente para garantia de um futuro mais digno, mesmo que nossas taxas de juros por aqui ainda estejam dentre as mais altas do mundo.
Logo, são exigidos retornos sobre a carteira de investimentos dos planos de previdência superiores, o que somente se torna possível quando combinam-se investimentos mais conservadores (alinhados à taxa Selic) com outros mais arrojados, capazes de entregar mais valor em períodos mais longos. Neste sentido, ganha força então o movimento de migração dos investimentos para fundos multimercados, de ações, participações e outras classes também mais sofisticadas.
Investir não ficou mais difícil: apenas estamos vivendo no Brasil uma evolução no tema investimentos, em que conviveremos não somente com mais risco, mas com mais transparência de custos aos investimentos, e maior sofisticação também. Já era assim no mundo inteiro, menos aqui. Ainda, a aparente oposição entre viver ou juntar dinheiro deve mesmo ser colocada em pauta, pois o gasto de hoje é o déficit de amanhã (e nosso governo também precisa aprender isto!).
Cada vez mais o nosso mercado, a exemplo do que já ocorre em economias mais desenvolvidas, premiará investidores que reservem parte de seus recursos para investir, também, em fundos multimercados, de ações e de participações. E cada vez mais veremos as pessoas cuidando também da contratação de seus próprios veículos de previdência privada.
A não consideração destes fatos põe em risco a capacidade das famílias ou dos fundos de pensão de cumprirem com suas metas de longo prazo e, consequentemente, se fará necessária uma maior contribuição ou a diminuição dos benefícios futuros projetados. A constituição de um portfólio diversificado, com várias classes de ativos, principalmente ações, e com retornos compatíveis à necessidade de superar as metas atuariais, se torna quase que uma exigência, visto que dificilmente será possível obter retornos maiores mantendo-se uma parcela muito maior investida em ativos financeiros de baixo risco.
Fonte: valor