BRASIL: ENFRAQUECIMENTO DA ATIVIDADE ECONÔMICA – PIB ABAIXO DE 3%

BRASIL: ENFRAQUECIMENTO DA ATIVIDADE ECONÔMICA – PIB ABAIXO DE 3%

Banco Centra 1Prévia do PIB recua 1,4% em maio, na maior retração mensal desde dezembro de 2008. Dado ruim derruba projeção para o ano e crescimento econômico deve ficar abaixo de 2,5%
Os indicadores conjunturais do país dão cada vez mais sinais de que a economia do Brasil caminha a passos largos para uma recessão. Sexta-feira, foi a vez de a autoridade monetária anunciar dados que apontam o enfraquecimento da atividade econômica. Considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) mensal, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou queda de 1,4% em maio com relação a junho, a maior variação negativa desde dezembro de 2008, quando o Brasil sentiu o primeiro impacto da crise econômica provocada pela bolha imobiliária dos Estados Unidos.
Nem o mercado acreditava em um tombo tão grande do IBC-Br. A maioria dos analistas apostava em retração de, no máximo, 1,2%. Com relação a maio do ano passado, o crescimento é de 2,61% na avaliação dessazonalizada. E, na comparação em 12 meses, o IBC-Br de maio ficou em 1,89%.
A queda no IBC-Br ocorreu um mês após o BC iniciar o ciclo de alta dos juros, com o objetivo de combater o crescimento da inflação. Em abril, a autoridade monetária aumentou os juros básicos de 7,25% para 7,5% ao ano. Em maio, a taxa avançou para 8% ao ano. A última alta da Selic, esta semana, para 8,5% ao ano, já foi suficiente para o mercado financeiro revisar suas projeções do PIB anual para baixo.
Nenhum especialista ainda acredita num crescimento econômico próximo de 3% neste ano, como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, insiste em projetar. A maioria optou por rebaixar a expectativa, que agora varia entre 1,7% e 2,3%. Até para o BC, a expansão será menor, de 2,7%.
Todas essas mudanças nas previsões para o ano partem de revisões também para o segundo trimestre de 2013. Entretanto, a volatilidade dos indicadores econômicos no primeiro semestre confunde e assusta os economistas. Há quem não queira nem fazer projeções. “Nossa aposta era de 2,2% para o ano. Em princípio, esse número agora adquire um viés de baixa. Mas eu estou ressabiado de fazer uma análise para o segundo trimestre porque a confusão é tanta que está difícil entender os indicadores”, disse José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
Contas diferentes
Tal dificuldade em ler os indicadores se traduz em apostas distantes dos números oficiais. O Espírito Santo Investment Bank (BES), por exemplo, projetava um IBC-Br de -0,3%. Na avaliação do economista do banco Jankiel Santos, o índice oficial apresenta forte volatilidade e descolamento do PIB. Para o primeiro trimestre, por exemplo, o IBC-Br apontou crescimento de 1,2%, quando o PIB confirmado foi a metade disso, de 0,6%.
“O IBC-Br tem sobrestimado o desempenho da produção brasileira desde o terceiro trimestre do ano passado, mas em maio foi consideravelmente pior do que nossos modelos foram sugerindo. O número foi um balde de água fria para todo mundo”, afirmou Santos, ressaltando que a previsão do banco para o semestre, agora, é 0,7%. “O resultado negativo fortalece a nossa visão de que a economia brasileira não tem a capacidade de crescer de forma sustentável”, acrescentou.
O Banco HSBC destacou que, apesar de ligeiramente abaixo do consenso, o IBC-Br ainda reflete o PIB previsto para o segundo trimestre, de 0,8%. A mesma projeção faz a Tendências Consultoria para o período. A instituição, no entanto, mantém a aposta em um PIB de 2,5% para 2013. “Porém, esse número está em revisão, com viés de baixa, sobretudo porque a atividade econômica está alternando altos e baixos”, alertou o economista da Tendências Rafael Bacciotti.
Cenário pior
O Banco ABC Brasil tem estimativas mais negativas. Para a instituição, o indicador do BC é bastante fraco e reflete os dados ruins da produção industrial e do comércio. “Projetamos um PIB próximo de 0,6% no segundo trimestre, abaixo da nossa estimativa inicial de que, no período, observaríamos um crescimento de 0,8%”, explicou, em relatório.
Na avaliação do economista-chefe do INVX Global, Eduardo Velho, o resultado surpreendeu de forma negativa. “A queda de 2% da produção industrial e nas vendas do comércio indicava números negativos. A economia não está em franca desaceleração, mas apresentando uma “recuperação moderada” pela variação acumulada em 12 meses do PIB, que cresce desde o início deste ano, de 0,84% em janeiro para 0,91% em março e finalmente 1,74% até maio”, afirmou. Fonte: Portal Uai | Gestor de conteúdo JSANTOS Consultores – Jusivaldo Almeida dos Santos