Desconfiança dos investidores para com o governo Dilma

Desconfiança dos investidores para com o governo Dilma

Investimento no ExteriorDefinição do cenário para os investimentos
O clima de desconfiança dos investidores para com o governo Dilma encontra justificativa no desempenho dos principais indicadores financeiros. Desde o início do mandato, em 1º de janeiro de 2011, a variação cambial superou a rentabilidade média dos títulos de renda fixa e o Ibovespa acumulou queda de 30% no período.
Nos últimos três anos, ganhou quem tomou recursos em reais para aplicar no exterior, apostando na alta do dólar, além de manter posição vendida nas ações das principais companhias brasileiras. O oposto das estratégias que proporcionaram lucros generosos durante governos anteriores.
Até mesmo o trunfo de conseguir reduzir a taxa Selic para os menores patamares da história recente parece ter ficado para trás. Depois de atingir a mínima de 7,25% ao ano entre outubro de 2012 e abril de 2013, a alta da inflação forçou o Banco Central a voltar a subir os juros para os atuais 10,50% ao ano.
Em termos anualizados, a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos três anos está um ponto percentual acima da média obtida no governo anterior. Até o fim de 2014, as previsões são de novos aumentos dos juros para combater a inflação e a Selic poderá atingir 10,75% ao ano, segundo o Boletim Focus.
É nesse clima ruim que a presidente Dilma fará um pronunciamento no Fórum Econômico Mundial em Davos, na sexta-feira, 24 de janeiro. Pode ser um bom momento para o governo deixar mais claro as ações que pretende adotar para tentar ajustar os rumos da economia.
Se o discurso encontrar respaldo junto aos investidores, a consequência esperada é a perspectiva de melhora da rentabilidade dos ativos financeiros. Ou, pelo menos, se houver indicações mais claras sobre a política econômica, as eventuais oportunidades podem ficar mais claras.
Desemprego baixo e reservas internacionais na casa dos US$ 370 bilhões não garantem mais o dinamismo da economia brasileira e nem impedem a tendência de desvalorização do real. Há sinais de esgotamento do crescimento amparado no estímulo ao consumo, mas não estão claras as alternativas que podem ser adotadas.
A aposta na desoneração fiscal seletiva, restrita a alguns setores, não funcionou do modo esperado. E o estímulo para atrair nova rodada de investimentos em infraestrutura continua em ritmo mais lento do que o inicialmente imaginado.
Esse tem sido o difícil cenário para a tomada de decisões dos aplicadores. O antídoto para não ser contaminado pelo pessimismo é estabelecer uma sólida estratégia e seguir os planos traçados.
Para investir os recursos poupados para a aposentadoria, por exemplo, muitas vezes as alternativas de longo prazo, mesmo mais arriscadas, podem ser as melhores opções e produzir os maiores resultados. As flutuações do preço dos ativos podem proporcionar boas oportunidades de compra e aumentar a rentabilidade ao longo do tempo.
Se o investidor tiver o hábito de acompanhar o comportamento das cotações, pode garimpar barganhas para a carteira de previdência.
Já para os recursos que possuem grande probabilidade de serem usados no curto prazo, a melhor alternativa é enfatizar a segurança, mesmo que o retorno seja mais baixo. As operações indexadas ao rendimento do certificado de depósito interfinanceiro (CDI) ou à taxa Selic, na forma de certificados de depósitos bancários (CDB), fundos DI ou Letras Financeiras do Tesouro (LFT), são as opções mais populares e tradicionais.
Como o mercado financeiro é dinâmico, é importante ficar sempre atento às novas modalidades disponíveis. Papéis de renda fixa isentos de Imposto de Renda (IR), operações estruturadas, títulos prefixados, investimentos no exterior e fundos com gestão ativa devem fazer parte do leque de opções.
Mesmo que a exata compreensão do funcionamento desses investimentos seja difícil, o esforço para entender detalhes operacionais pode compensar. Dependendo da combinação dos ativos e dos objetivos das aplicações, a rentabilidade geral da carteira pode aumentar e o risco diminuir.
Nos últimos anos, as aplicações no exterior ficaram mais populares, assim como uma maior diversidade de títulos de renda fixa e ações de empresas menos conhecidas. E os investidores descobriram, também, que a isenção fiscal sobre rendimentos vai além dos fundos de previdência.
Mas é fundamental manter o controle e evitar modalidades desconhecidas ou pouco regulamentadas.
A recomendação, para esses casos, é evitar a ganância e desconfiar de propostas de investimento mirabolantes. Invariavelmente darão prejuízo em algum momento.
Realisticamente, apesar de todas as expectativas otimistas, a primeira participação em três anos do Brasil no Fórum Econômico Mundial pode ajudar a esclarecer dúvidas, mas não vai resolver o problema com o cenário atual.  
Fonte:  Valor Online | JSANTOS Consultores