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Economia>Brasil>PIB de 2014 pode ser menor que 2013, Saiba +

Grafico de volatividadePIB de 2014 pode ser menor que o deste ano
O alto grau de incerteza que ronda a economia brasileira não só derrubou as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano como também já contamina as projeções para 2014. Em pouco mais de dois meses, a mediana das projeções para o próximo ano de cerca de cem instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Banco Central (BC) caiu um ponto percentual, passando de 3,5% no fim de maio para os atuais 2,5% – e ainda há a perspectiva de que novas revisões para baixo virão. Além disso, entre os economistas já há quem vislumbre expansão de apenas 1% na economia brasileira em 2014, percentual inferior ao piso das estimativas para 2013, de 1,7%.
Um conjunto de fatores contribui para o clima pessimista que se espalha pelo mercado. A baixa confiança de consumidores e empresas, dizem os analistas, é uma trava para o crescimento econômico. Levantamento realizado mensalmente pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que, em julho, a confiança do consumidor caiu 4,1% frente ao mês anterior e voltou aos níveis de 2009, quando o país sentia o impacto da crise financeira internacional. O mesmo aconteceu com os índices de confiança dos empresários da indústria e do setor de serviços, que recuaram 4% e 6,4%, respectivamente, no mesmo período. Há quatro anos que os empresários não se mostravam tão desanimados com os negócios, tanto em relação à situação atual quanto ao futuro.
O pessimismo é reforçado pelo quadro de incerteza quanto ao futuro dos investimentos privados, pela estagnação das concessões na área de infraestrutura, pela perspectiva de lucros menores para as empresas, além da própria indefinição eleitoral.
As manifestações que eclodiram por todo o país em junho, comentam os especialistas da área econômica, evidenciaram quão forte é o descontentamento da população com a realidade brasileira, colocando mais um ponto de interrogação nos modelos de projeções. “A primeira reação do mercado foi questionar como ficaria a situação fiscal porque provavelmente o governo tentaria entregar algo à população para acalmar os ânimos. Congelar o reajuste de tarifas, além de não resolver o problema, aumenta o risco regulatório”, diz a economista Zeina Latif, sócia da Gibraltar Consulting.
Em relatório enviado a clientes, o HSBC afirma que, ironicamente, a maior parte das reformas demandadas pelos manifestantes seria positiva para o crescimento do Brasil. Sem mudanças nos serviços públicos e melhorias no ambiente de negócios, pontua a instituição, o país não terá condições de engatar um processo de recuperação econômica. Entretanto, a piora no ambiente político e a perda de confiança por parte de consumidores e empresários tornarão mais difícil a concretização de reformas no curto prazo.
“Todos estão esperando para ver como o governo vai reagir à piora de cenário econômico num momento em que a sociedade desconfia da eficiência do Estado, apesar da alta carga tributária, e tendo em vista as eleições no próximo ano”, comenta Zeina.
Há dúvidas no mercado quanto à capacidade do governo de cumprir, neste ano, a meta de superávit primário, equivalente a 2,3% do PIB, sem lançar mão de artifícios contábeis. Soma-se a isso um quadro de inflação persistentemente alta, de rápida e forte desvalorização cambial, com o dólar abandonando o patamar de R$ 2 para se estabelecer na faixa de R$ 2,30, de investimentos parados e menor crescimento do principal comprador de produtos brasileiros – a China. Está aí a fórmula que ajudou a minar a confiança de consumidores e empresários.
Um ano atrás, o governo anunciou um pacote de infraestrutura, que visava incrementar os investimentos em portos, ferrovias e rodovias em todo o país. Até agora, nenhuma licitação foi feita. A cada adiamento de leilão, as expectativas de retomada dos investimentos diminuem.
No primeiro trimestre deste ano, a formação bruta de capital fixo (medida das contas nacionais que mostra o quanto foi investido no país em máquinas, equipamentos e materiais de construção) aumentou de forma mais robusta, levando o mercado a acreditar que estava chegando o momento em que o crescimento da economia brasileira seria puxado pelo investimento, e o consumo assumiria um papel coadjuvante. Não demorou muito para que dúvidas aparecessem também nesta seara.
“É certo que os dados do PIB do segundo trimestre mostrarão uma forte expansão na formação bruta de capital fixo, mas a questão é o que virá no terceiro trimestre. A falta de confiança pode abortar a retomada dos investimentos”, avalia o superintendente do departamento econômico do Citibank Brasil, Marcelo Kfoury. “Há o risco de termos um PIB no qual os investimentos não crescem e o consumo das famílias desacelera. Se o segundo semestre for pior que o primeiro, deixaremos uma herança estatística negativa para 2014.”
O Itaú alertou seus clientes, por meio de relatório, que o nível mais baixo da bolsa de valores brasileira indica menor perspectiva de lucro para as companhias no país. Dessa forma, os investimentos ficam menos atrativos e as fontes de financiamento para as empresas, mais restritas. Nesse ambiente, a instituição espera recuo do investimento no segundo semestre.
A situação pode se agravar se o Brasil perder o grau de investimento, selo de bom pagador concedido pelas agências de classificação de risco. Em junho, a Standard & Poor’s informou que pode rebaixar a nota de crédito do Brasil. “O Brasil está se tornando relativamente menos atraente para os estrangeiros”, diz Roberto Luis Troster, economista e sócio da Troster & Associados.   Valor Online>JSANTOS >Jusivaldo Almeida dos Santos (Valdo)