Futuro financeiro e equilíbrio emocional dependem de escolhas

Futuro financeiro e equilíbrio emocional dependem de escolhas

Nem sempre temos plena consciência se as decisões que tomamos e as escolhas que fazemos, em especial aquelas relacionadas ao nosso comportamento financeiro, foram racionais ou emocionais. De qualquer forma, seus resultados, inevitavelmente, terão impacto na nossa vida, presente ou futura.

Esse foi o tema que norteou a apresentação de Sueli Moreira dos Santos, psicóloga há 14 anos com trabalhos realizados na Preparação para Aposentadoria e Psicologia Econômica pela Fipecafi.

Segundo ela, a influência do dinheiro na vida de cada um é muito séria, muito importante. “Por ele até se mata e se morre”, destacou.

As oportunidades de consumo aparecem e as pessoas, mesmo que não tenham dinheiro no momento, não resistem e usam cartão de crédito ou financiamentos para comprar o que muitas vezes não poderiam, e o que não era prioridade naquele momento.

Elas imaginam situações, fantasiam, contam com algo que ainda não está certo para adquirir um bem, dar um presente ou satisfazer um desejo. Tudo isso em um plano mental – sem que passem para o nível racional. E em geral não são disciplinadas para fazer um planejamento visando atingir seus objetivos.

Ideias de ganhos fáceis e escolhas inadequadas por vezes impedem que os indivíduos façam um plano de previdência ou poupem para o futuro. O que ocorre é que muitos se esquecem que dificuldades e imprevistos podem aparecer. E que os recursos são finitos, tanto o tempo, quanto os esforços, o dinheiro e até os recursos naturais – e por vezes acreditam que podem controlar as reações e os efeitos do futuro.

Temos, portanto, um conjunto de conflitos, de riscos e de possibilidades de perdas e ganhos que vão ter resultados diversos durante nossas vidas. Isso porque o que impera, de modo geral, são as escolhas emocionais. “Nossos desejos são infinitos e nos traem o tempo todo. Você quer muito alguma coisa, acha que precisa e compra porque imagina que vai poder pagar. Mas é importante saber que, do mesmo modo que o dinheiro nos dá a sensação de poder e status, as dívidas podem abalar nossa auto-estima, gerar insegurança e sentimentos de impotência”, pondera a especialista.

O significado do dinheiro

Sueli Moreira também estimulou os participantes a refletir sobre sua visão e sentimentos com relação às finanças. “Vocês pensam muito em dinheiro? Estão contentes com o que têm? Como se sentem quando têm dinheiro? O que lhes foi ensinado sobre ele? E de que forma passamos essa questão às crianças?” questionou.

De acordo com a psicóloga, ter dinheiro está sempre associado a coisas positivas, trabalho, felicidade, liberdade, ascensão social, enquanto que a falta dele a medo, vergonha, constrangimento, depressão, degradação, maldição etc. Nesse aspecto, é muito importante como a família lida e passa esses conceitos aos filhos.

Outro ponto abordado pela especialista foi o comportamento dos homens e das mulheres no âmbito financeiro e seus diferentes perfis. De modo geral, os homens negociam e se arriscam mais – e as mulheres são mais cautelosas, mais conservadoras, talvez por que estão há menos tempo fazendo isso, historicamente. Entretanto, sua maior participação no mercado de trabalho e nas decisões familiares tem propiciado que também elas passem a investir mais e a querer conhecer melhor as opções do mercado financeiro.

“Temos uma imensa necessidade de aliviar nossos sofrimentos, nossas tensões, adquirindo controle da situação. E como isso é possível, já que tudo muda continuamente? Com atitudes cautelosas e preventivas, como fazendo seguro e poupando para o futuro”, afirmou Sueli Moreira. Para ela, é preciso realizar desejos mas não se tornar refém deles. Há que se concretizar sonhos e aproveitar a vida mas, paralelamente, garantir economias financeiras e aprender a conviver com os riscos para reduzir angústias e ansiedades. Desse modo, evitamos comportamentos dirigidos pelo medo, que trazem escolhas e resultados ruins.

Diante de tantas mudanças, a melhor tática é perceber, avaliar e escolher tendo plena consciência dos riscos, aprendendo a diversificar por meio do conhecimento e a agir com equilíbrio e flexibilidade. “Dosar a gratificação que o prazer traz sem perder a noção da realidade; saber avaliar quando é melhor comprar hoje à prazo ou poupar para comprar depois à vista; e aprender a admitir os erros e adotar novas condutas são passos importantes nessa direção”, finalizou a especialista.