PGBLs e VGBLs voltam a registrar saques em janeiro

PGBLs e VGBLs voltam a registrar saques em janeiro

PGBL e VGBLA previdência privada voltou a recuar em janeiro. Os saques verificados nos fundos que recebem aplicações de planos PGBL e VGBL repetem o movimento ocorrido em julho e agosto de 2013 – os primeiros em cinco anos – e revertem a tendência de crescimento consolidada de setembro a dezembro.
O primeiro mês de 2014 registrou resgates líquidos de R$ 257 milhões, segundo balanço com 826 fundos do setor feito pelas consultorias NetQuant e Towers Watson. Ao contrário do que aconteceu em 2013, entretanto, quando os saques na renda fixa puxaram o resultado negativo, a queda de janeiro de 2014 foi concentrada na renda variável. As três categorias de fundos que aplicam em ações (com até 15% da carteira, até 30% e até 49%) somaram saques líquidos de R$ 476 milhões.
A renda fixa, por outro lado, teve entrada positiva de R$ 173 milhões. O mesmo ocorreu com o segmento de multimercados, que acrescentou R$ 44 milhões ao patrimônio do setor. Os valores, entretanto, foram insuficientes para compensar a sangria da renda variável no mês passado.
As rentabilidades – e a crescente aversão ao risco – explicam boa parte da fuga das carteiras com apostas em ações. Essas categorias de fundos de previdência privada tiveram em janeiro perdas de 0,75%, no caso das carteiras com até 15% de exposição em bolsa, recuo de 1,68%, na média do grupo com até 30%, e baixa de 3,18%, para os portfólios que aplicam até 49% em ações.
No primeiro mês de 2014, apenas a categoria renda fixa alcançou retorno médio positivo, de 0,41%, e mesmo assim consideravelmente abaixo do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), referência de rentabilidade para aplicações conservadoras, que variou 0,84% no período. Os multimercados, por sua vez, com mais flexibilidade para aplicar, inclusive em ações, tiveram queda média de 0,45%.
Para o sócio-diretor da NetQuant, Marcelo Nazareth, o saldo negativo de janeiro está ligado diretamente ao resultado de 2013. “Foi um ano desestimulante, com muita volatilidade, em que as carteiras na média ficaram abaixo da poupança”, diz.
Segundo Nazareth, reforçada pelo cenário de incertezas na economia brasileira, a tendência é de o primeiro semestre refletir ainda um mau humor com o desempenho do ano passado. “Na metade inicial de 2014, a captação tende a continuar fraca”, afirma. O especialista vê chance de melhora apenas no segundo semestre. “Vai depender dos resultados dos fundos, que são influenciados por um cenário no qual variáveis como a questão fiscal, as eleições e a Copa alimentam a volatilidade.”
A pesquisa da NetQuant e da Towers Watson reforça a percepção de aumento do conservadorismo entre os investidores de previdência privada. O levantamento mostra, em 12 meses terminados em janeiro, um crescimento do patrimônio dos fundos de renda fixa, de 14,68%, para R$ 282 bilhões, e de 21,52% (R$ 12,5 bilhões), no caso dos multimercados. Enquanto isso, os segmentos de renda variável amargaram baixas no período de 20,54%, entre as carteiras mais expostas à bolsa, de 20,07%, nas intermediárias, e de 13,31%, para os portfólios com fatia mínima em ações. Os fundos com parcela em bolsa reúnem R$ 21,7 bilhões.
Entre os fundos com melhor desempenho no início de 2014, conforme a pesquisa, o Guardian Multimercado Crédito Privado, da Valora, alcançou rentabilidade de 3,12% com estratégia focada no investimento em cotas de fundos de direitos creditórios atrelados ao CDI. “Nossa carteira tem como característica a baixa volatilidade”, afirma Diego Coelho, responsável pela área de renda fixa e crédito da gestora. Segundo ele, “produtos de crédito estruturado e ativos indexados ao CDI se beneficiam dos juros altos do momento e trazem proteção contra a volatilidade”.
Fonte: (Sérgio Tauhata – Valor)