Fundos de Investimentos – Prioridade para retornos sustentáveis

Fundos de Investimentos – Prioridade para retornos sustentáveis

Fundo de acoes IIAs questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG) têm impacto relevante e crescente sobre a indústria de fundos de investimentos. Isso se dá não só pela ação que esses fatores têm no desempenho das companhias investidas, mas também na percepção do consumidor, regulador e outros atores da sociedade. Essa percepção influencia cada vez mais a demanda pelos produtos e a imagem das empresas, e, portanto, seu preço de mercado. Ela é muito forte também entre alguns investidores institucionais, cujos recursos compõem significativa porção daqueles sob gestão profissional nas grandes assets brasileiras.
Para o gestor de carteiras a forma de atuar nas questões ASG é menos através da influência direta na gestão das companhias e mais pela decisão de investir nas empresas em função de seu compromisso com o bom desempenho nos temas ASG. A decisão de investimento depende da disponibilidade de ferramentas adequadas para avaliar as empresas do universo investível.
O gestor brasileiro já conta com algumas ferramentas úteis. No mercado local, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e o Índice Carbono Eficiente (ICO2), desenvolvidos pela BM&FBovespa, e, no internacional, o Dow Jones Sustainability Index (DJSI) e a família de índices MSCI (FTSE4Good), entre outros, têm sido referências bem definidas, e apresentam critérios replicáveis para orientar a gestão. Iniciativas que criam padrões de divulgação para empresas no nosso universo de investimento potencial, como o Carbon Disclosure Project (CDP), a Global Reporting Initiative (GRI), e o Comitê Internacional de Relato Integrado (IIRC) também têm um papel importante, ao promoverem a transparência nas informações de sustentabilidade por parte dessas empresas.
A demanda por informação e a capacidade dos gestores e analistas de investimento de questionarem com conhecimento de causa itens ASG tendem a criar incentivos positivos para as empresas aderirem a melhores práticas de sustentabilidade e melhorar sua transparência. Nesse sentido desde 2010, a Bradesco Asset Management (Bram) aderiu a uma das iniciativas mais promissoras para promover essas transformações, que são os Princípios Responsáveis de Investimento das Nações Unidas (PRI). Essa iniciativa estabelece as bases para se integrar as questões ASG ao dia a dia da gestão de carteira em todas as classes de ativo.
A Bram também já possui diversos fundos cujas estratégias de investimento refletem diretamente questões ASG na análise e gestão. Entre os seis fundos de investimento com tais estratégias, o Bradesco FIA Índice de Sustentabilidade Empresarial se destaca não só pelo retorno acima do Ibovespa, mas pela boa classificação em diversos rankings de mercado, inclusive o ranking da revista ValorInveste, com 4 estrelas.
O bom desempenho de mercado de empresas reconhecidas por seguir melhores práticas ASG não é surpreendente. Uma expressão de boa governança é a forma com que a empresa trata os acionistas minoritários. Empresas com fraco controle ambiental incorrem cada vez mais em riscos de multas e interrupções de produção, o que não escapa à avaliação dos investidores.
Mas a valorização da sustentabilidade vai além de produtos específicos ligados aos temas ASG. Por isso, desde o ano passado, temos um projeto para integrar o PRI transversalmente às atividades de gestão. Foi desenvolvida uma metodologia para analisar as empresas investíveis sob a perspectiva ASG, com critérios específicos para cada setor que, em 2014, será aplicada em cinco setores mais expostos a riscos ASG, devendo alcançar todos os setores de relevância para a gestão em 2015.
Essa metodologia baseia-se na coleta, organização e filtro de informações relevantes nas três dimensões ASG, que possam impactar o desempenho e preço das empresas. O objetivo é identificar e acompanhar os riscos e as oportunidades das empresas do universo de cobertura da Bram, em função da sua maior ou menor aderência às boas práticas ASG, e ter elementos de inferência para avaliar o impacto desta aderência sobre os preços dos ativos no médio prazo.
A metodologia é baseada no diálogo permanente com os gestores e está inserida integralmente no processo de análise, elemento essencial da abordagem fundamentalista que caracteriza boa parte dos fundos sob gestão da Bram. Esse diálogo e “checagens de realidades” frequentes são essenciais para que o processo não vire apenas um ritual, mas contribua de forma concreta e sistemática para o progresso dos temas ASG no mundo corporativo brasileiro, e também para o bom desempenho dos fundos e carteiras sob nossa responsabilidade de gestão.
Evidentemente, uma empresa alinhada às boas práticas ASG não só aplica o PRI nas suas decisões de carteira, mas também valoriza seus colaboradores e investe na melhoria do ambiente de trabalho, no relacionamento com o cliente, na gestão de fornecedores e na redução do impacto ambiental de suas atividades. Esse é um esforço que vai desde a economia do “clip” de papel até o desenvolvimento de sistemas de TI que permitem reduzir riscos operacionais e aumentar a transparência da gestão. Acreditamos que seguir essas práticas em casa também agrega valor ao investidor.  (
 
Fonte:  Valor Online | JSANTOS Consultores