Private Equity: Fundos de pensão são os maiores investidores. Saiba +

Private Equity: Fundos de pensão são os maiores investidores. Saiba +

InvestimentosPRIVATE EQUITY: UM RETRATO – Os fundos de pensão são os maiores investidores em uma das indústrias que mais crescem no País. Somados, pension funds de uma dezena de países e entidades brasileiras respondem por 26% dos recursos já captados pelos gestores brasileiros de private equity, um dos segmentos mais acelerados da economia brasileira e que já representa parcela significativa dos investimentos na formação do Produto Interno Bruto brasileiro (PIB), uma vez que seus investimentos anuais saltaram de US$6,4 bilhões no biênio 2008-2009, para US$21,2 bilhões no triênio de 2010-2012. Esses números estão em um estudo técnico inédito que deverá ser concluído em cerca de mais 30 dias pelo Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital (GVcepe) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Não é pouco dizer que os fundos de pensão figuram como os maiores investidores, considerando que o private equity já acumulou até o final do ano passado  R$ 108,4 bilhões, entre recursos disponíveis e os já efetivamente investidos, e levando em conta ainda que  nos últimos cinco anos o crescimento médio da indústria situou-se ao redor de 20% ao ano.  Apenas os quatro maiores fundos de private equity dispõem de R$ 2,7 bilhões, em média, para investir, de acordo com o professor Marcelo Fernandes, diretor técnico do estudo.
 
Mais fundos de pensão – Na verdade, porém, a tendência é que os fundos de pensão brasileiros elevem ainda mais a sua participação nessa indústria nos próximos anos, acima do esperado para os pension funds globais. Aliás, isso já vem sendo sentido. O estudo mostra que 75% dos US$ 28,5 bilhões captados no último triênio o foram em reais, contra os 45% registrados no biênio anterior. Para os pesquisadores, isso indica expressivo amadurecimento dos investidores institucionais brasileiros em relação à classe de ativos.
Segundo o professor Cláudio Furtado, diretor executivo do GVcepe, os cinco maiores fundos de pensão brasileiros já trabalham com uma meta de alocação de 7% a 8% de seus recursos em private equity, percentual que deverá subir ainda mais até 2020, mas o efetivamente desembolsado hoje anda em torno de 2,5%.
Mas para que esse crescimento se materialize obstáculos precisarão ser superados. E não são pequenos. Nas conversas para a montagem do estudo, os pesquisadores do  GVcepe ouviram não poucas queixas da parte de dirigentes de fundos de pensão e seus gestores de carteira. As reclamações, nota Furtado, se concentram particularmente em dois aspectos, as taxas de administração cobradas e a frequência e profundidade das informações que lhes são passadas pelos administradores de fundos de private equity. As insatisfações crescem à medida em que mais poupança previdenciária é canalizada para o segmento e as taxas não caem como deveriam, até mesmo por uma questão de escala e sem esquecer que elas existem para pagar especialmente as despesas fixas e não para que o administrador ganhe mais dinheiro.
A saída para escapar da taxa é investir diretamente. Na semana passada, por exemplo, o Ontario Teachers Pension Plan, o maior fundo de pensão do Canadá, colocou R$ 160 milhões na varejista de moda online brasileira Dafiti, simplesmente o maior investimento já feito em uma empresa do segmento no Brasil.
Vencer tais queixas será um desafio para a indústria de private equity, levando em conta estarem muitos investidores convencidos de que ela não está, além das taxas julgadas elevadas, adequadamente aparelhada para fornecer informações analíticas de qualidade com a frequência requerida.
Muito menos queixas são ouvidas em relação a outro aspecto do private equity.  A rentabilidade obtida no mercado brasileiro foi da ordem de 17,31%, segundo a FGV. Em relação ao capital investido, os fundos de private equity devolveram ao investidor em média 2,95 vezes o capital aportado. No triênio coberto pelo estudo do GVcepe, a taxa interna de retorno média anual da amostra, antes de impostos,  situou-se em 23%, com um desvio-padrão amostral de 34%.
Foram analisados no estudo quase 280 veículos de investimentos no triênio 2010-2012. Desses, 36 têm individualmente mais de US$ 500 milhões de capital comprometido, e 11 deles estão acima de US$1 bilhão. “A escala das organizações gestoras aumentou quase 60% desde 2009, data do último censo do GVcepe”, comenta Furtado. Os dez maiores gestores reportaram ter US$ 2.85 bilhões de capital comprometido médio alocado no Brasil em 2012; e 102 veículos com capital inferior a US$50 milhões totalizavam US$3 bilhões. Desses, 50  foram captados no triênio, indicando expressiva entrada no setor. Em consequência, o segmento de jovens empresas deverá receber importante influxo de investimentos nos próximos anos. “O PE&VC brasileiro tem prática consolidada de investir em empresas jovens: mais de 50% das organizações em carteira em 2012 receberam seu primeiro investimento quando viviam seu estágio semente-venture capital”, concluiu Furtado.
Ele também ressalta que os investimentos totais de PE&VC atingiram no último triênio US$21.2 bilhões (R$37.6 milhões), um recorde histórico. O investimento médio anual mais que dobrou em relação a 2008-2009.
Fonte: Diário dos Fundos de Pensão