Redução no ritmo de portabilidade em previdência

Redução no ritmo de portabilidade em previdência

Porquino$IO teste de nervos pelo qual os investidores de planos de previdência passaram em 2013, com a alta volatilidade provocando perdas em carteiras de renda fixa, motivou uma migração de recursos para planos com carteiras mais conservadoras. Ao contrário do que podia se supor, porém, esse movimento foi bastante visto entre planos da mesma instituição, e não para planos de outros bancos.
A migração de recursos entre planos de instituições diferentes, movimento chamado de portabilidade, cresceu muito pouco no ano passado após ter mostrado avanços de dois dígitos nos anos anteriores. O número de portabilidades efetivadas de janeiro a outubro de 2013 foi de 51.207, um crescimento de apenas 4,38% em relação ao ano anterior, segundo os últimos dados da FenaPrevi, entidade que reúne as empresas de previdência aberta. Elas movimentaram R$ 5,4 bilhões. Em 2012, o avanço do número de portabilidades tinha sido de 22,18%.

“As pessoas ficaram inseguras em fazer mudanças em momentos de crise. Elas pensam: ‘está ruim aqui, mas pode estar pior em outra empresa'”, afirma a diretora da Caixa Previdência, Rosana Techima. Do outro lado do balcão, as empresas também fizeram um grande esforço para acalmar os clientes e explicar que a volatilidade sentida nas cotas dos planos era derivada de uma conjuntura de mercado, e não da estratégia de investimento de uma instituição ou outra, afirma o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio de Oliveira. “Não é mudando de entidade que vai ter cenário diferente”, diz.

“O maior número [de migrações] é entre planos da mesma empresa, quando o investidor troca o seu perfil de risco”, diz Osvaldo do Nascimento, presidente da FenaPrevi. Ele lembra que em planos de previdência o investidor não tem nenhum custo ou taxação para migrar seus recursos, diferentemente de fundos de investimentos, por exemplo, em que o investidor precisa sacar os recursos e pagar impostos para, então, aplicar em outra carteira. “É uma vantagem que o plano de previdência apresenta em relação a outras aplicações financeiras”, diz Nascimento.

No caso de portabilidade, o investidor tem apenas que preservar a natureza do plano (previdenciário) e o regime tributário escolhido no momento da contratação (tabela progressiva ou regressiva).
O mercado de previdência privada aberta no país é amplamente dominado pelos grandes bancos e, por isso, muito ligado ao relacionamento bancário do cliente, diz Sandro Bonfim, superintendente de produtos da Brasilprev, empresa de previdência do Banco do Brasil que está sob o guarda-chuva da BB Seguridade. “Por isso, o pedido de portabilidade acontece quando o cliente troca de banco ou tem algum insatisfação ou problema específico com o plano”, afirma.
O setor, segundo dados da Fenaprevi, tem um patrimônio de R$ 365 bilhões e é liderado por Bradesco (com fatia de 32,3%), seguido por Itaú (23,9%) e Brasilprev (22,04%). Ou seja, três bancos têm sob gestão 78% dos recursos do mercado.

Um movimento observado no ano passado foi o de zeragem de taxa de carregamento de planos. Isso ajudou algumas instituições a manter alguns clientes e a “roubar” alguns outros da concorrência. A taxa de carregamento é cobrada sobre o valor da contribuição no momento da entrada ou da saída do plano, ou em ambos. Ela pode ser de no máximo 10% e tem como finalidade o custeio de despesas operacionais.

A Caixa, por exemplo, zerou a partir do segundo semestre a taxa de carregamento de entrada de seus planos e não cobra a taxa no resgate a partir do 37º mês de aplicação. E isso se refletiu na arrecadação da empresa, segundo Rosana. A captação cresceu 12% no ano até outubro, o dobro do avanço do mercado no período.
Fonte: Valor Econômico | JSANTOS Consultores